Sempre ouvi dizer que nos restaurantes que ficam na beira das estradas mais movimentadas, se come muito bem.
Conheço muitos e bons exemplos, e confirmo que as refeições destes restaurantes de beira de estrada são normalmente excecionais e queremos repetir.
Relembro as preocupações que alguns manifestaram quando Portugal começou a ter autoestradas, nomeadamente a ligação completa do Porto a Lisboa, bem como a ligação de Lisboa ao Algarve. Pombal protestou, Mealhada reclamou e o Canal de Caveira achava que morria.
Passados todos estes anos, continuamos a sair todos da autoestrada para fazer aquela saborosa refeição, muito porque o pessoal da restauração não desistiu, investindo na qualidade superior e procurando fidelizar os clientes.
Há pouco tempo passei por Grândola, na reta do Canal de Caveira e parei para recordar as míticas viagens ao Algarve com o meu amigo Manuel Coelho Valente Marques, onde bebíamos um Vidigueira branco fresquinho e comíamos o tradicional cozido.
O Manjar do Marquês em Pombal é outro lugar histórico, onde ninguém reclama os poucos quilómetros que se fazem ao sairmos da A1 para saborear um delicioso bolo de bacalhau, um panado de excelência, filete, bacalhau frito, tudo acompanhado pelo fabuloso arroz de tomate. O Manjar do Marquês dinamizou toda a restauração da região de Pombal e todos ganham com a notoriedade e fama desta icónica casa.
Na Mealhada, onde o leitão é Rei, também ninguém de bom gosto regateia os poucos quilómetros da saída da A1 para degustar uma boa refeição. A minha preferência na EN1 vai para o Rei dos Leitões, um restaurante dos melhores entre os melhores. Eu acrescento, muito mais que um restaurante de leitão, uma experiência gastronómica de excelência onde também entra o leitão, mas onde se pode comer peixe bem fresco, marisco de qualidade superior, um autêntico capão de Freamunde, umas iscas de fígado soberbas com umas entradas de comer e chorar por mais acrescentado de um esmerado e competente serviço.
Existem muitos restaurantes de leitão, mas a região da bairrada só ganha com um espaço como o Rei dos Leitões, que tem ainda uma das melhores garrafeiras do país e um serviço com mais de 5 estrelas, para além das sobremesas absolutamente fabulosas. O Rei dos Leitões e a sua dimensão estratosférica serve de âncora e alavanca para toda a região.
A qualidade faz toda a diferença e hoje podemos dizer que os protestos e as dúvidas sobre a vitalidade dos restaurantes faziam pouco sentido porque as filas que encontramos nas grandes referências gastronómicas provam precisamente o contrário.
O Manjar do Marquês em Pombal e o Rei dos Leitões na Mealhada são âncoras e alavancas para as suas regiões, dois bons exemplos onde a resistência, persistência, resiliência e fundamentalmente o trabalho e a aposta na qualidade fazem a diferença e ajudam a dinamizar a economia regional.
Existem certamente outros bons exemplos, mas aqui ficam dois que conheço razoavelmente bem, são como o algodão…não enganam, orgulhando as respetivas regiões, não ofuscando ninguém antes pelo contrário, dando mais visibilidade a todos sem exceção.